Diretas já e Fora Temer
Márcio Alves (Prof. do IFSP e membro do "Resistência")
O governo Temer sempre foi um bode expiatório com prazo de validade. O Fora Temer persiste mas não é um fim em si. Deveríamos estar a meses gritando diretas já como complemento realista e agregador das lutas (além da FPSM e FBP, até o Lula o fez essa semana). Quando o Temer cair continuaremos pedindo diretas já, e nada impede que se peça eleições gerais e constituinte além das diretas já.
Mas eleições manipuladas, agora ou depois, não é a questão, e sim criar brechas de discussão com a população, retardar a agenda golpista e começar a criar nossa própria pauta de luta no nosso tempo e não pautados como estamos sendo. Este é o centro da questão que está sendo posta em todo mundo pelo avanço neoliberal, com golpe ou sem golpe, e a PEC 55 é o centro hoje disso aqui no Brasil, embora a reforma trabalhista que vem por aí rivalize e temos que começar e pensar a resistência a isso antes deles colocarem isso na pauta, sem falar de outras lutas e da resistência contra a implementação das leis, ora leis, que estão decretando.
É luta de classes aberta e mesmo que o Lula se eleja, ou que a Dilma voltasse (e todos sabem que não voltará), continuará sendo. No estado atual de coisas, o fundamental ( o resto é tático) é a mobilização popular e não a via judicial para rotular compensatoriamente o STF de golpista, nem a via eleitoral (não estou descartando como tática, vejam bem), que joga confiança pequeno burguesa excessiva sobre o Legislativo ou o Executivo; e isso eleja quem eleja (esquerda ou pseudo esquerda, e a relação com as lutas populares reais ajuda a limpar terreno aqui), pois sem base popular ativa a esquerda ou perde ou elege um governo que não é capaz de resistir ao que está vindo, se é que teremos eleições (recordem apenas, por exemplo, do parlamentarismo atualmente gestado e do congelamento por 20 anos do orçamento pela PEC 55, isso para não tocar aqui e agora em questões mais espinhosas, como os acordos de governabilidade e ajustes fiscais de austeridade pela própria esquerda que precisaria reler a ideia de desenvolvimento do subdesenvolvimento das antigas teorias da dependência dos anos 60 e 70, as de esquerda, como as de Florestan Fernandes ou Andre Gunder Frank https://mega.nz/#F!IUAkFLDS!z6cOtlZ25ZVtrvbGZP4GFQ!kV5zVa5A).
Mesmo que a direita compre o FORA TEMER e o distorça, nós não nos reduzimos a uma frase e não nos negaremos a desconstruir o uso ideológico dela, continuaremos gritando FORA TEMER e não por uma judicialização autocrática, moralista e ideológica que nega a política em nome de um pseudo combate à corrupção que no todo apenas prepara o caminho para uma corrupção ainda maior da burguesia sem a intermediação da classe política tradicional.
Aliás, bem nos moldes autocráticos do neoliberalismo avançado que abre mão necessariamente das aparências democrático formais, como no liberalismo clássico se pensarmos no 18 Brumário de Marx. Só que agora de modo ainda mais farsesco fingindo cinicamente não abrir mão dessas aparências que mal se acredita. Contra os mecanismos kafkianos infernais introjectados profundamente na nossa psique de massa aprisionada num mundo totalitário que reproduz o real como aparência não de realidade mas de irrealidade, precisamos explodir coletivamente nossas convicções pequeno-burguesas para uma radicalidade que exploda a corrupção burguesa na sua raiz ao invés de alimentá-la por um pseudo combate.
Todos à rua contra a verdadeira corrupção burguesa protegida pela Lava-Jato e por aqueles que defendem o Golpe de Estado e sua agenda que rouba direitos e instituições públicas também para cor(coração)romper qualquer integridade dos valores que nos fazem lutar por uma sociedade mais justa.......
CONSTRUIR O PODER POPULAR. GREVE GERAL JÁ